CRÍTICA – Titãs (2ª temporada, 2019, DC Universe)

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CRÍTICA - Titãs (2ª temporada, 2019, DC Universe)

Sabe aquele emaranhado de fios da sua árvore de Natal que você tira do armário para decorar a sua casa e tem uma dificuldade imensa de desenrolá-los? Essa é a premissa da trama de Titãs na segunda temporada, uma trama cheia de subtramas que se atrapalham e deixam a história confusa e perdida.

O texto a seguir pode conter alguns spoilers, pois temos alguns pontos muito importantes para explicar o porquê de tudo ter sido tão abaixo das expectativas.

O primeiro episódio inicia diretamente do cliffhanger estabelecido na season finale da primeira temporada: Trigon (Seamus Dever) aprisionou Dick Grayson (Brenton Thwaites), Garfield “Gar”/Mutano (Ryan Potter) e Rachel/Ravena (Teagan Croft) na casa da mãe da Titã. Dois dos maiores problemas já aparecem de cara no primeiro episódio: CGI mal-feito e resoluções mágicas e extremamente rápidas para conflitos que duraram a temporada inteira para se resolver. Em um piscar de olhos, Ravena derrota Trigon sem nenhuma dificuldade ao final do episódio, sendo extremamente anticlimático por toda a construção da chegada de um dos vilões mais poderosos da DC Comics.

A transformação do personagem em sua versão demoníaca é constrangedora, o CGI deixa ele quase que flutuando em tela, parecendo mais um cutscene de algum jogo de videogame do que um vilão ameaçador. Isso acontece mais algumas vezes, principalmente quando Superboy/Conner (Joshua Orpin) aparece em cena, com balas que não furam as camisetas, parecendo faíscas de filtros de Instagram. Krypto atacando os vilões também é totalmente bizarro pela plástica dos movimentos.

Titãs: Trailer da 2ª temporada revela Superboy, Exterminador e muito mais

Citando Superboy e Krypto, os dois foram boas adições ao elenco, sendo protagonistas do melhor episódio, no qual somos apresentados ao Cadmus e a toda a mitologia do Superman. A luta na casa de Lionel Luthor é o melhor momento de toda a temporada.

Conner e Krypto são carismáticos e funcionam muito bem em tela, assim como Conner fez uma dupla interessante com Gar, algo que gostaríamos muito que fosse mais explorado na eventual terceira temporada.



Outro destaque é Hank Hall/Rapina (Alan Ritchson) o antigo Titã tem uma boa história de redenção e queda na história, nos aproximando muito dele em diversos momentos. A atuação de Alan é excelente, uma vez que ele é um dos poucos que se entrega e entendeu muito bem o seu personagem: um homem que tem uma casca de durão e canalha, só que por dentro é frágil e cheio de problemas para consertar, é um dos poucos acertos do time antigo, junto com Brenton Thwaites e sua transformação, uma vez que o antigo Robin carrega a culpa e seus demônios, tendo dilemas que dão bons contornos ao personagem. A sua transformação em Asa Noturna é memorável, mesmo que tenha sido por pouco tempo de tela.

Os trajes estão perfeitos e o de Asa Noturna é o mais legal junto com o do Robin/Jason Todd (Curran Walters).

Ainda sobre personagens, vamos falar de Estelar (Anna Diop), Jason Todd e Bruce Wayne/Batman (Ian Glein), que grande desperdício de talento! Toda a construção de Estelar e Jason Todd foi por água abaixo aqui!

Os excelentes Anna Diop e Curran Walters sofreram muito no segundo ano de Titãs! A primeira pela unidimensionalidade da princesa de Tamaran, que está novamente perdida e sem um lugar no mundo. O segundo por se tornar um bebê chorão que vive com raiva de tudo. As tramas dos dois são interessantes, contudo, a forma com que os são tratados pelo roteiro é de dar dó.4



Estelar deixou de ser uma mulher forte, decidida e poderosa para se tornar problemática e sem rumo. Todd continuou marrento, mas o trauma inexplicável do personagem que se arrisca para lutar contra os vilões mais lunáticos de Gotham não é fácil de engolir para os fãs como eu da Batfamília.

O Batman de Ian Glein merece um capítulo à parte em nossa crítica. O ator é muito talentoso e merece uma nota dez pelo esforço. O problema é o que os roteiristas fizeram com o Homem-Morcego em Titãs. Bruce é um homem comum, que usa de frases baratas que qualquer um acha na internet quando quer impressionar alguém. Sem imponência, sem o ar sombrio e sem a frieza característica de um dos heróis mais icônicos e amados de todos os tempos, tornando-o uma mistura das versões de Val Killmer, Adam West e George Clooney, algo que não é nem de perto um elogio.

Sobre os vilões, Doutor Luz (Michael Mosley) serve apenas como condutor da trama, uma espécie de capanga inútil de Slade Wilson/Exterminador (Esai Morales), o verdadeiro antagonista do grupo de heróis, principalmente de Dick, no qual possui um desejo de vingança.

Infelizmente, por mais que haja um esforço muito grande por parte de Esai Morales que consegue dar um ar ameaçador ao Exterminador, sendo muito bom em sua atuação, o roteiro não o ajuda, criando um personagem inconsistente, uma vez que na hora de concluir seus objetivos é letal, mas a sua premissa se resume apenas em não deixar os Titãs existirem, algo muito pequeno para um vilão tão mortal.

O único destaque positivo é Mercy Graves (Natalie Gumede), o braço direito de Lex Luthor que é eficiente, ambiciosa e uma real ameaça, caso o Cadmus tenha mais destaque no futuro, com certeza Mercy possa ser interessante com um novo arco no caso de não utilização do principal rival do Homem de Aço.

Com uma história inconsistente, atuações e efeitos ruins e resoluções mágicas que irritam até o mais desatento espectador, a segunda temporada de Titãs falha miseravelmente em retomar o que foi muito bem construído no seu primeiro ano, uma lástima para uma série que tinha um imenso potencial em suas mãos.

Assista ao trailer da nova temporada:

Nossa nota

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